quarta-feira, fevereiro 15, 2017

Cactaceae

Um pedaço verde em mim brotei com as batidas do desespero que tive e espalhou-se como um vírus em ascensão, dentro de mim. Em poucas reflexões forasteiras, ações obscuras, o peito inteiro estava tomando-se por aquela vegetação estranha, um subarbusto espinhento, e mantendo recluso a natureza que saudava meus dias.

Podia ser uma dama da noite! Maravilhosa flor seria, mas perfume algum era emanado daquele sentimento. Nem beleza havia naquela batida que ecoava como longa dor de cabeça. Janeiro passou e foi então percebido que o batuque havia em si adoecido. Eu desisti. Sem som, sem pulsar, sem cheiro, sem nada. Estava morto.

O verde, areia se tornara. Em um deserto nada havia de se pensar, além de se encontrar entre grãos de lembranças que cegava-me em tempestades. Rápido, adaptou-se ao álcool que voltou a ser regado em noites quentes e sem luz. Sementes sempre foram plantadas, havia esperança! Merecia um novo “bom dia”, um dia novo. Raptou-se em um buraco de areia e lá se aninhou em busca do acaso.

A espera é violência de saudades e angústias. Frases ditas e silêncios que deveriam ter sido quebrados ou atirados fora. Lavou-se em uma chuva diferente. O buraco encheu-se de vinho tinto barato. Ó, Sangue de Cristo que entorpece-me os problemas em sorrisos! O que se foi, passou batido e como tal, esquecido e enterrado em um buraco no deserto.

Houve uma batida. Um som emanava de algum canto do deserto! Ludibriou meus pensamentos... Onde há? O que vem lá? Pra onde devo seguir? Eu apenas segui e quando me vi, era carnaval. Dança pra lá, sorri, segue o bloco e vai passando. Cores substituíram o deserto de areia e me perdi em uma festa.

Do alto da escada, a surpresa teve mais medo que eu. Sem jeito. Sem reação. Sem saber o que fazer. O abraço foi dado e ali se findou. O vinho veio e o sorriso também. Dancei só, dancei com ela, dancei com ele, dancei. E que dança de desespero foi sair sem certeza alguma, apenas uma moeda lançada no ar sem uma escolha entre Cara e Coroa. Esperar e desistir. Reanimar. Persistir. Eu segui e acabei que decidi deixar que viesse quando fosse pra acontecer.

É muito confuso, eu sei. Eros! Puto e demente, sempre Eros, acaba com o nosso controle intelectual. Quero dizer que me entreguei ao destino tantas vezes acreditando ser a última, para me encontrar sempre em deserto, cansado, onde me entregar foi natural. Abandonei-me. Eis que nenhuma explosão é esperada, é sentida.

Ainda busco sentido para acordar sem roupa naquele hotel com meu braço direito abraçando outro corpo nu. Talvez o sentido tenha o nome. O nome de quem eu abraçava com tanto carinho que não tirei de meus sonhos aquela imagem, aquele cheiro, aquele desejo. Talvez a saudade tenha sido plantada em meu peito outra vez. Eu, que deserto era agora, daria frutos?

Claro que sim. Não sei se poderia chamar de Flor de Maio ou de Outubro, aquela flor do deserto que brota em cactus. Enquanto não sei o nome científico ou apelido carinhoso para batizar esse acontecimento, chamarei de “Bom dia, flor do dia”. É o meu cactus quem batuca agora.

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domingo, janeiro 15, 2017

Minha despedida.


Tudo o que for dito aqui, até o entendido entre as dicas, é o que eu estava te guardando para quando fossemos nos encontrar novamente. Isso quer dizer que não vamos nos ver de novo, mas não muda o fato de que cada palavra aqui escrita carrega o maior e o melhor de tudo o que eu senti por você. O que eu ainda sinto é minha nova bagagem, mas ela faz parte do meu caminho, assim como muitas outras coisas que coloco na mala. E você não está nela. Hoje, somente hoje, eu percebi que você já tinha feito suas malas e partido. Se um dia voltar, espero que encontre essa mensagem na mesma garrafa escondida entre os muros, mas eu já terei partido pro lado oposto e não creio que me alcances. Também não tente. Eis o que meu coração pediu pra te dizer:


Eu quero que você demonstre todo o seu carinho sem medo da reação. Torço para que perceba que o amor é muito maior quando dito a quem se ama, assim como o medo. Nunca diga um mais do que o outro, mas saiba sempre controlá-los com carinho, delicadeza, dedicação e paciência. Ninguém se namora, então ninguém está preparado ou na mesma percepção. 
Eu quero que você sinta, se permita sentir e deixe-se ser sentido por completo. Não se limite nos sentimentos, pois é um veneno amargo e o tempo não vai resolvê-lo. Ele apodrece! Alguma vez viu um alimento apodrecido ficar bom com o tempo? Os sentimentos são lindos, assim como intensos e precisam ser bem aproveitados e investidos. Quem planta meia boca, nunca colhe um fruto perfeito.
Eu quero que você sorria mais. Sim, você já sorria bastante, mas nunca é o suficiente. Abrace mais também. No calor, olhe. Mas sorria olhando. Isso basta, aquece o coração. Sério, você precisa entregar esse sorriso e guardar o de alguém com muito carinho.
Eu quero que você siga. Pra onde for, quando for, com quem for, que siga sempre certo, decidido e feliz. Você sempre diz que faz as coisas pensando em você em primeiro lugar, mas sabe que tá mentindo na real e ainda tem um pouco de dificuldade em entender o que é amor próprio. Egoísmo, egocentrismo e autoconfiança demais também são venenos.
Eu quero que se sinta abraçado. Quero que feche os olhos e sinta o meu abraço. Aquele cheiro do perfume que você mais gostava, aquele calor, aquele carinho. Ele é tudo o que eu posso te desejar agora. Sinta tudo o que eu tenho de melhor e saiba que de alguma eu vou ficar bem. Seja como for, eu quero, mesmo sem saber nenhuma notícia sua, que você tenha sua vida repleta de doçuras.
E com isso, de uma forma egoísta de querer-te ao máximo melhor do que eu posso imaginar, eu quero te dizer o que eu sempre tive medo.


Adeus.

sábado, janeiro 14, 2017

Na minha mente...

Cale-se. Não diga mais nada! Não me prometa, não me insista, não me enlouqueça mais! Eu preciso que você pare de falar, que pare de falar pra mim, que para de falar de mim. Estou chegando ao meu ponto máximo em que não consigo mais saber se a voz é dentro da minha cabeça ou se você conseguiu chegar ao meu quarto. Não sei, mas tive a impressão de que estava realmente perto. Meu coração acelerou, deu uma alegria, entrei em pânico, precisava fugir daquela cama, mas eu estava sozinho no meu quarto e continuava a te ouvir. Eu comecei a te responder e a conversa fluía. Eu fechei os olhos e você estava ali. Eu não conseguia mais viver, era loucura demais. É difícil até de escrever tamanho delírio que comecei a sofrer.

Existem poucas teorias, embora muitas vítimas dessa loucura. As conclusões não são objetivas, mas tudo o que sei é que não é bom. Não é a mente que ainda ouve a sua voz, é meu coração. E ele está me enlouquecendo. Ele está enganando minha mente e eu só preciso calá-lo.

O problema é esse: como calar o coração sem ser velado o corpo posteriormente?

Eu começo a crer que eu esteja precisando de muita ajuda, mas não tenho muito a quem pedir socorro. No momento, vou me contentar com os abraços. Mas, é sério, só saia da minha mente por alguns minutos. Me deixe lembrar que eu também tenho um sorriso e um olhar bonito. Me deixe lembrar que eu ainda vivo.

sexta-feira, janeiro 13, 2017

Segurar sua mão.

Ainda me lembro daquela tarde em que segurei firme a sua mão e tomei a frente. Você parou, com os seus olhos brilhando, só para tirar uma foto das nossas mãos e ainda discursou por alguns momentos sobre tamanha importância que tinha aquele ato. Eu só conseguia sorrir e concordar, porque de fato eu dava mais importância ainda para tudo aquilo que estava acontecendo. E eu mantive a mão firme, segurando a sua, até agora.

Você decidiu largar e seguir. E seguir sorrindo. Seguir feliz. E eu, que fiquei pra trás olhando para a minha mão livre, fiquei refletindo e tentando entender. Até agora, muita coisa ainda não faz sentido. Eu ainda tenho problemas para deixar algumas fichas caírem e sei que vou conseguir uma hora, mas agora só quero refletir. Ver você partir para segurar outras mãos e ignorar a minha ainda me dói, mas por dentro eu estou feliz que você está, no fundo, muito bem.

Um amigo postou no facebook dele hoje que não era mais adepto ao poliamor. Ao informar os amigos sobre isso, ele disse que não queria ter todas as pessoas do mundo pra si, mas sim alguém pra zelar por ele. Pode ser que você ainda precise de mais pessoas, nunca liguei pra isso, mas saiba que eu continuo zelando por ti e que mesmo você escolhendo se afastar de mim e dizendo que não poderia cuidar de mim, ainda quero o seu sorriso guiando o mundo de quem estiver perto do você.


Não seguramos mais a mão um do outro. Cuide bem da sua. As minhas mãos vão aprender...

quinta-feira, janeiro 12, 2017

Stay Awake


Era dia de te encontrar. No caminho pra sua casa, recebi uma notificação do facebook. Você tinha marcado uma música no meu perfil. Disse pra eu ir logo que queria me ver. Já estava quase chegando quando parei pra analisar a música que você me enviou. Era da Ellie Goulding. Eu nunca tinha parado pra escutar essa cantora, direito. Já tinha passado por uma música ou outra, mas aquela era importante pra mim. Foi você quem a escolheu.
Na música, você me pedia pra ficar acordado. Falava que o seu destino estava nas minhas mãos e que tínhamos muitas coisas que nem tinham começado ainda. Me pedia pra acreditar e continuar sonhando. E eu assim fiz. Você não queria perder tempo, não queria esperar o amanhã. Queria aproveitar intensamente o agora. Queria ficar lado a lado, não queria dormir. Você falava de perder tempo comigo. Você falou que queria viver isso pra sempre.

Isso era tudo o que dizia na música, mas que você também me dizia. Até em ações. Nunca vou me esquecer dos poetas tuberculosos ou daquela coisa presa na garganta e que você precisava dizer porque doía o peito. Mas também não consigo esquecer seus olhos me encarando quando me disse que tínhamos chegado ao limite e das coisas que me deixou de fora porque achou que te fazia melhor sem me fazer mal. Me fez mal.

Hoje eu revi aquela música. Escutei ela de manhã até o começo da tarde. Eu não sei o que ela quer dizer na verdade. Porque, quando ela acaba, todo aquele sonho se vai e não consigo me manter acordado. É doloroso, é real. E eu ainda lembro.

quarta-feira, janeiro 11, 2017

Remendos emocionais.


– Rasgado. Foi assim que eu me entreguei a você quando disse que não buscava novos laços, mas conforto. Um pouco de carinho. Levemente, cada palavra dita, foi me remendando. Como mãos trêmulas de uma senhora idosa tentando costurar os retalhos, passamos tão rápidos e intensos, que me senti remendado por uma máquina de roupas que produz toneladas por hora. Eu consegui encontrar o conforto. Eu, iludido em meu próprio bem, demorei pra notar que todo o meu conforto remendado tinha sugado toda sua linha. Cada ponto dado em mim, era um pedaço seu que se abria. Não vou carregar essa culpa sozinho, não foi maldade minha. Você me iludiu com o conforto e carinho, mostrando-se tão remendado quanto eu. Tão pronto, tão já. Tão intensos, tão juntos. E do nada a sua linha acabou. A gente tinha acabado de se beijar quando o último ponto fora feito. Desabamos juntos, frente a frente. Eu todo remendado. Você todo rasgado. E então você foi cruel como qualquer outra pessoa com medo é capaz de ser. Agarrou todos os seus pedaços e jogou-os por cima de um muro alto, grosso e impenetrável. Me olhou com olhos mais frios e egoístas, me disse que era pra que ficássemos bem. E pulou muro a dentro. Não conseguia aguentar aquela dor e comecei a lutar. Eu tentei pular o muro, escalar, quebrar as pedras ou até cavar por baixo dele. Eu tentei de todas as formas, das mais sãs e educadas às doloridas e infelizes. Eu perdi muita linha nesse muro. Eu me arranhava, desfiava, rasgava. Eu tentava te ver de novo e tudo o que eu conseguia era ouvir a sua voz. Você não estava sozinho nesse muro. Você tinha seus amigos. Sua família. Você tinha uma república inteira dentro de teus muros protegidos. Ah, eu não estava sozinho também. Quando dei por mim, rasgado inteiramente de novo, notei que meus amigos estavam ali. Cabisbaixos, tristes, com pena de mim. Ganhei abraços, ganhei carinho, ganhei consolo. Cada um tirava um pedaço de pano de si pra me dar. Cada um tentava mostrar pra mim que eu ainda iria conseguir me remendar. Só demorei pra notar que muro adentro, você já estava remendado. Não seria justo com os meus amigos gastas o pano e a linha que me deram pra derrubar esse teu muro. Pra conseguir estar remendado e remendando junto com você. Foi nesse momento que eu beijei o muro e deixei nele um dos pedaços de mim que eu mais gostava. Um dia, você sairia desse lugar. Nesse dia, espero que encontre esse pedaço que eu deixei e remende-o como uma lição. Mais que tudo, espero que seja feliz. Estou sendo remendado agora mesmo. Eu fiquei com medo da chuva de hoje e comecei a construir um muro também. Acho que todos precisamos do nosso asilo. Agora busco, na segurança do meu, remendar-me só. O que virá depois é muito cedo pra se pensar. Mas hoje, nessa noite de chuva, meio protegido por esse muro que ainda é pequeno, achei um remendo seu que sobrou em mim.

– Essa é sua metáfora, Felipe? – O doutor me perguntou.

– Você só me disse pra falar. Me diz você, cara. O que é isso?

segunda-feira, janeiro 09, 2017

Vai passar...


Sempre que estamos em uma condição desconfortável e ruim, buscamos alterações. Muitas situações vão necessitar de tempo para, simplesmente, começarem a se modificar. Sozinhas ou não. Enquanto a condição desconfortável reina em seu peito, sua cabeça entre em pânico e seus sonhos são transformados em confusas paranoias medonhas. Com medo, fragilizado, pedimos socorro e gritamos por ajuda. Em lágrimas, nos entregamos aos sábios da vida em que depositamos grande confiança: os amigos. Mas eles erram feio em dizer sempre a mesma coisa:

- Não fica assim, isso passa.
- Eu já estive assim antes, passou.
- Isso não vai ser definitivo, não é normal. Logo passa e você fica bem.
- Relaxa, toma seu tempo que isso aí passa.
- Vai passar.

Passar. Percorrer uma margem a outra; atravessar; transpor; ir além de; deixar para trás; ultrapassar. Passar. Vai passar. Vai. Ir ou ser levado; deslocar-se; seguir junto; afastar-se. Vai. Vai passar. Vai passando. Vai passado. Vai apenas sair. Vai deixar ir. Vai acalmar. Vai guardar. Vai simplesmente passar. Passar.

Não é tão simples quanto se espera ou aparenta, mesmo sabendo o que significa e entendendo os valores dessas palavras. Passar é horrível, é cruel, machuca. Depender apenas do tempo para que você volte a sorrir ou ganhar forças para se viver, não é fácil. É ainda mais cruel, somado aos problemas da situação. Fazemos sim uma tempestade em um copo de água, mas é aquele copo que gostamos e aquela água nele era tudo o que podíamos dar e fizemos isso com o maior carinho possível.

Eu sei, eu concordo, entendo e estou esperando passar. Mas enquanto não passa, não vou afastar-me dos sonhos. Não vou ser levado pra longe do que me fez sorrir. Não vou ultrapassar a realidade, é claro, mas não posso e não vou conseguir deixar pra trás. Não é questão de ser a minha história, mas ser algo que me fez mudar completamente o roteiro de como eu achava que estava a escrevendo.

Vai passar. Vai passar mesmo, toda essa dor. Essa saudade, ela vai passar. Esse vazio vai passar forte! Essa falta, essa ausência, esse silêncio, essa tortura, essa agonia, esse pesadelo, esse seu bloqueio, tudo isso vai passar. Vai passar os sorrisos ganhos. Vai passar o calor daqueles abraços. Vai passar os dias sem ganhar “bom dia”. Vai passar sozinho. Vai passar os olhares eletrizantes se encontrando e, com muita dor, vai passar o “eu te amo”. Vai doer passar, mas vai passar. Vai passar e continuar passando.

Isso tudo, além de passar, vai passar pra uma nova chance de rolar tudo de novo, com ou sem essa pessoa. Mas o passar, ele é eterno. Então, hoje, olhe pro seu relógio de pulso e note que tudo isso que você sentiu e que está sentindo, já foi passado. E vai passando.

Agora que já foi, feche os olhos e vai passando que o sonho bom já vem.

domingo, janeiro 08, 2017

Amar sem ritmos

Dos poemas mais lindos, sonhados e declarados a ti, entreguei-me ao desespero de buscar asilo em fragmentos de corações que sonharam alto demais. Busquei nos destroços dos sentimentos mais puros e lindos, um auxílio para que meus pedaços não se juntassem ao brilho dos que escureceram e hoje vivem o frio em busca de um remendo que os aqueçam.

Ei de bater no peito e gritar aos ventos do Norte que continuo a escrever o amor que sinto, que continuo a amar-te forte, embora friamente. Pois sei que esse coração forte é muito mais que músculo e gordura acumulada e que aguentará. Ele é um som que gera ritmos para que sorrisos não sejam apenas um brilho momentâneo. Uma memória que esvairá quando os lábios se fecharem em um beijo. E ao lembrar do teu sorriso e do teu beijo, fragmento-me outra vez em uma lúcida e tola declaração de amor.

Não encontrará em meu rosto mais uma lágrima a escorrer, pois não há de olhos sofrerem as dores que o peito já sente e grita. Coração não chora, continua seu batuque, mesmo que lento o dolorido. Continua a te empurrar pra mais um segundo, um instante, um agora, um já vivido, um novo já. E nessa loucura em que mesmo ferido se entrega ao caminho, você aprende que o ritmo do amor é uma dança sem par, mas que ao se juntar com outro ritmo, os pares dançam algo que jamais será explicado e que ninguém há de coreografar. E a beleza se tornará um sonho que ei de sonhar, chorar e guardar.

Esse sofrimento todo e essa falsa escrita é para dizer que a saudade, sombra do coração, também está produzindo seus ritmos. Venenosos como serpentes, mas indançáveis, continuam a atiçar os pés para se manter em uma espécie de ritmo estranho, mas em busca de uma batida e ritmo que agradem e conduzam o coração para voltar ao seu lugar orquestra.

Como aprendido em A Cabana, cada um produz sua própria tristeza com base em seu sonho declinado. Sonhos partidos, corações feridos. Amores acabados. Mas o mal de amar é que mesmo quando o romance encontra o ponto final, os românticos nem sempre aceitam ou estão prontos para encarar que aquele fim é o que eles mereciam, precisavam. Eis que a dor volta e eu já não sei se falo de amor ou de saudade. Ou se continuo a me fragmentar em desespero do que há de vir para dançar comigo no novo ritmo produzido pelo coração.


Encerro-me desta tortura, informando a poeta que ela estava errada. Quando ferida, machucada ou abandonada, o coração não deve e nunca pode simplesmente acreditar que a única coisa a se dizer é que ele não sabe sonhar. Temo acordar, pois é isso que acontece quando o coração para e o ritmo se encerra. Os sonhos continuam sendo a esperança de que o batuque certo foi feito, mesmo que a dança tenha sido ruim para um de nós. Mesmo que hoje não tenhamos mais um nós.