quinta-feira, abril 09, 2015

Perdoe-me se te amei,

Perdoe-me se te amei,

Sinto-me envergonhado. O tempo que perdi desfrutando “o nada”, querendo “o tudo”, sem saber direito o que era, mas que não terei outra vez. Quantas noites não dormidas pensando em você e enganando a mim mesmo, dizendo que era apenas uma dor ou insônia que me impediu de ter você em meus braços, mesmo que só em sonhos. 

Lembrar-me das mentiras que contei para fazê-la sonhar comigo me doí. Menos, é claro, que aceitar que foi ideia minha criar essa história. Dor... Despejamos qualquer tipo de lixo em forma de culpa, somente para não aceitar nossos erros. Meus erros! Meus malditos erros! Erro agora em acreditar que colocarei um fim nisso.

Bom, nesse momento podes até estar perdida com tamanha confusão de pensamentos que causei, mas não se incomode. Tudo há de piorar antes que se encontre uma solução. Ah! Se houver uma, por favor, jamais se esqueça de usá-la. 

Eu não sei contar quantas vezes rezei a Deus sem saber se ele existia ou se perdoaria meus pecados, que logo seriam cometidos novamente. Cansei de enganar pessoas com sorrisos e abraços frios, mas ainda as faço acreditar que "sim, eu estou bem". Bando de dementes! Demência, é verdade... Aceitei-a como auxílio em minhas fugas. Qualquer tipo de besteira, tolice, idiotice, imbecilidade... Demência... Usei-as contra meus inimigos, como se fosse uma espada. Usei-as contra meus amigos, como se fosse um escudo... Abaixado... Desprotegido... 

Eu sei que fui tolo. Ainda sou! Serei mais ainda ao terminar essa carta... Mas, tudo o que fui, foi por sonhar. Acreditei que se você sorrisse, mesmo eu sendo um mero merda ou qualquer um, teria ganho o meu dia. Teria feito do teu dia algo melhor. Acreditei que se eu fingisse estar bem, realmente estaria. Acreditei que podia te enganar com isso e que tudo ficaria bem, e você acreditou, mas minha atuação foi morrendo. 
Meu sorriso sempre foi falso. Meu abraço, frio e sem amor. Sempre fui um ator, para o mundo. Para você, no entanto, que esteve comigo até aqui, sempre fui eu. Seu sorriso, seu abraço, sua demência, seu sonho. Seu.

Então, é agora. É hora de ser forte. Muito mais que eu. Atuar é um trabalho difícil, não? Não faz ideia de como foi difícil escrever essa carta, sem deixar minhas lágrimas caírem. Não sabe como foi difícil limpar todas as manchas de sangue do chão antes de colocar esse pequeno bilhete em sua cama. 

Ei... Provavelmente estarei morto quando ler isso, então... Podemos improvisar? Esse show tem que continuar! As cortinas se fecharam para mim, meu amor. Limpe-me, enterre-me e esqueça-me. Mas, estarei com você durante toda a sua vida, até que se junte a mim no vale do esquecimento. Isso tudo é porque eu te amo, mas não consegui aprender a amar e nosso público já está esgotado desse espetáculo. Loucura, não é?

Sendo assim, perdoe-me se te amei. Mas... Os loucos não sabem o que fazem, só seguem o roteiro.