domingo, agosto 31, 2014

Palhaços também choram...

Já parou pra pensar na dor que é subir em um palco todos os dias pra dançar e fazer graça pra uma platéia e somente eles saírem felizes? Nunca, não é? Posso apostar com você que, até hoje, você sempre esteve nessa platéia. Quando precisou sorrir, buscou alguém, mas não notou a falta de sorriso deste que te ajudou.

Eu, por outro lado, estive sempre nos palcos. Eu não sou do tipo que conto os meus problemas, mas ouço os de todos. Eu não sou do tipo que busco ajuda, mas minhas mãos carregam e ajudam a erguer todos os que precisarem de alguém. Todos os que precisarem de mim.

Isso, meu amigo, não quer dizer que eu não preciso de ninguém. É claro que eu preciso. Isso só quer dizer que eu não tenho ninguém.

Mesmo assim, me levanto todos os dias com um sorriso falso no rosto, pra arrancar sorrisos verdadeiros de quem precisa parar de derramar lágrimas.

Eu enxugo suas lágrimas com aqueles lenços coloridos que amarro um no outro e tiro e guardo em minha boca. Estes lenços são meus sentimentos. Eu entrego a você tudo que tenho de melhor e você derrama suas lágrimas nele. Eu guardo esse lenço e seco as lágrimas com o sorriso que some do meu rosto.


Isso não é um desabafo... É um aviso! É uma verdade que você não consegue aceitar quando finalmente nota e então, tristemente, esquece. Quando finalmente nota que há sentimentos ruins em quem te cura, aceita o sorriso falso deste médico de humor e volta-se aos teus problemas, pois são mais importantes...

Haverá um dia em que subirei ao palco e meus lenços estarão todos vermelhos de sangue. O horror nos rostos da platéia não irão me abalar, pois eu deixarei de falsidade e sorrirei com lágrimas. Quando finalmente eu puxar o último pedaço de pano de minha boca, nele estará amarrado um pedaço do meu coração. Meu corpo cairá no palco e o sorriso em meu rosto vai obrigar que a produção feche a cortina para sempre.


Chamarão isso de suicídio. Irão dizer que eu era louco e depressivo. No fundo, você saberá que nada disso é verdade. Eu estou pleno de minhas ciências! Tão pleno, que decretei guerra ao meu peito que não carregava sentimentos meus, mas dos outros. Meu sistema não entendeu essa revolta e quando começou a se preocupar com si mesmo, suicidou-se mentalmente e me obrigou a pedir demissão de você. 

Palhaços também choram, mas precisam sorrir. De hoje em diante, por favor, que o palhaço seja você, meu amigo.