Dos poemas mais lindos, sonhados
e declarados a ti, entreguei-me ao desespero de buscar asilo em fragmentos de
corações que sonharam alto demais. Busquei nos destroços dos sentimentos mais
puros e lindos, um auxílio para que meus pedaços não se juntassem ao brilho dos
que escureceram e hoje vivem o frio em busca de um remendo que os aqueçam.
Ei de bater no peito e gritar aos
ventos do Norte que continuo a escrever o amor que sinto, que continuo a
amar-te forte, embora friamente. Pois sei que esse coração forte é muito mais que
músculo e gordura acumulada e que aguentará. Ele é um som que gera ritmos para que
sorrisos não sejam apenas um brilho momentâneo. Uma memória que esvairá quando
os lábios se fecharem em um beijo. E ao lembrar do teu sorriso e do teu beijo,
fragmento-me outra vez em uma lúcida e tola declaração de amor.
Não encontrará em meu rosto mais
uma lágrima a escorrer, pois não há de olhos sofrerem as dores que o peito já
sente e grita. Coração não chora, continua seu batuque, mesmo que lento o
dolorido. Continua a te empurrar pra mais um segundo, um instante, um agora, um
já vivido, um novo já. E nessa loucura em que mesmo ferido se entrega ao
caminho, você aprende que o ritmo do amor é uma dança sem par, mas que ao se
juntar com outro ritmo, os pares dançam algo que jamais será explicado e que
ninguém há de coreografar. E a beleza se tornará um sonho que ei de sonhar,
chorar e guardar.
Esse sofrimento todo e essa falsa
escrita é para dizer que a saudade, sombra do coração, também está produzindo
seus ritmos. Venenosos como serpentes, mas indançáveis, continuam a atiçar os
pés para se manter em uma espécie de ritmo estranho, mas em busca de uma batida
e ritmo que agradem e conduzam o coração para voltar ao seu lugar orquestra.
Como aprendido em A Cabana, cada
um produz sua própria tristeza com base em seu sonho declinado. Sonhos
partidos, corações feridos. Amores acabados. Mas o mal de amar é que mesmo
quando o romance encontra o ponto final, os românticos nem sempre aceitam ou
estão prontos para encarar que aquele fim é o que eles mereciam, precisavam.
Eis que a dor volta e eu já não sei se falo de amor ou de saudade. Ou se
continuo a me fragmentar em desespero do que há de vir para dançar comigo no
novo ritmo produzido pelo coração.
Encerro-me desta tortura,
informando a poeta que ela estava errada. Quando ferida, machucada ou
abandonada, o coração não deve e nunca pode simplesmente acreditar que a única
coisa a se dizer é que ele não sabe sonhar. Temo acordar, pois é isso que
acontece quando o coração para e o ritmo se encerra. Os sonhos continuam sendo
a esperança de que o batuque certo foi feito, mesmo que a dança tenha sido ruim
para um de nós. Mesmo que hoje não tenhamos mais um nós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário