Existia um planeta semelhante ao que vocês vivem, só que
feito dos mais puros sentimentos que um humano poderia ter por outro. Não
existia erro em Marve, até eu aparecer...
Não nasci em Marve. Vim do seu planeta, a Terra. Cresci no
mesmo mundo que você. Fui criado com o mesmo veneno que ainda inunda esse lugar
cruel. Aprendi a ser invejoso, raivoso, egoísta e solitário. Fui envenenado da
mesma forma que você! Admita! Você carrega um pouco disso tudo também. Não
adianta achar que sou um monstro cruel e maligno, se você não consegue achar um
espelho nessas palavras.
Um dia comum como qualquer outro, vi Marve. Era tão simples
e tão completo! Eu me apaixonei! Ele exalava amor e carinho. Não sentia frio
olhando para esse mundo, muito pelo contrário. Passei horas sonhando que fazia
parte dele.
Meu primeiro erro e talvez o maior foi querer conquistá-lo e
me tornar seu imperador. Eu não percebi que essa louca obsessão me deixou mais
dependente dele, do que ele da minha forma de governar. Ele não era uma
droga... Era o remédio para me curar de todo o veneno que eu carregava, só que
eu não o usei na dosagem certa.
Então deixei essa Terra para trás e comecei a viver em
Marve. Parecia um sonho! Eu estava entregue a paz, ao amor. Só conseguia ver
flores. Por um tempo, vivi como um “Marveano” e fui feliz! Mas, infelizmente,
havia restava veneno em mim.
O mundo cruel sentiu minha falta e meu veneno começou a me
perturbar. Comecei a achar que Marve era um de meus pertences. Eu estava
confiante de que não existia muros entre Marve e eu. Ele era meu! Eu queria que
fosse, mas não era...
A Terra quis me visitar e aumentou o pouco de veneno que eu
ainda tinha. Estava mais forte, agora. Marve não se adaptou ao excesso de
veneno que comecei a carregar e fui expulso de seu mundo. Perdi meu direito ao
Paraíso.
Estou aqui nesse lugar escuro e sonhando com o infinito de
Marve. Como desejei o abraço e a luz de Marve de volta, mas ele não queria
venenos em sua existência e se escondia de mim.
Um dia, acordei com uma ideia diferente. Era hora de tirar
todo o veneno que ainda existia em mim. No escuro do passado, montei um
quebra-cabeça para reconstruir uma utopia que vivi em Marve e a chamei de “Amor’.
De repente notei que fui deixando meu veneno pelo caminho, de pouco em pouco, e
acreditei – e ainda acredito – que Marve percebeu isso e estava disposto a
abrir suas portas para mim. Eu poderia voltar, com certo medo, para um
recomeço!
Eu voltaria sem o veneno dos humanos, mas com os
ensinamentos “Marveanos” que aprendi a usar e que tanto sonhei em ter
novamente.
Só pra constar... Em Marve nunca nos pedem para amarmos mais, mas agradecem a existência desse amor infinito e o usam com toda a gentileza que espero um dia ter. Quero retribuir tudo o que Marve me deu.
Fantástico!
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