quinta-feira, maio 01, 2014

Envenenando o Planeta Marve

  Existia um planeta semelhante ao que vocês vivem, só que feito dos mais puros sentimentos que um humano poderia ter por outro. Não existia erro em Marve, até eu aparecer...
  Não nasci em Marve. Vim do seu planeta, a Terra. Cresci no mesmo mundo que você. Fui criado com o mesmo veneno que ainda inunda esse lugar cruel. Aprendi a ser invejoso, raivoso, egoísta e solitário. Fui envenenado da mesma forma que você! Admita! Você carrega um pouco disso tudo também. Não adianta achar que sou um monstro cruel e maligno, se você não consegue achar um espelho nessas palavras.
  Um dia comum como qualquer outro, vi Marve. Era tão simples e tão completo! Eu me apaixonei! Ele exalava amor e carinho. Não sentia frio olhando para esse mundo, muito pelo contrário. Passei horas sonhando que fazia parte dele.
  Meu primeiro erro e talvez o maior foi querer conquistá-lo e me tornar seu imperador. Eu não percebi que essa louca obsessão me deixou mais dependente dele, do que ele da minha forma de governar. Ele não era uma droga... Era o remédio para me curar de todo o veneno que eu carregava, só que eu não o usei na dosagem certa.
  Então deixei essa Terra para trás e comecei a viver em Marve. Parecia um sonho! Eu estava entregue a paz, ao amor. Só conseguia ver flores. Por um tempo, vivi como um “Marveano” e fui feliz! Mas, infelizmente, havia restava veneno em mim.
  O mundo cruel sentiu minha falta e meu veneno começou a me perturbar. Comecei a achar que Marve era um de meus pertences. Eu estava confiante de que não existia muros entre Marve e eu. Ele era meu! Eu queria que fosse, mas não era...
  A Terra quis me visitar e aumentou o pouco de veneno que eu ainda tinha. Estava mais forte, agora. Marve não se adaptou ao excesso de veneno que comecei a carregar e fui expulso de seu mundo. Perdi meu direito ao Paraíso.
  Estou aqui nesse lugar escuro e sonhando com o infinito de Marve. Como desejei o abraço e a luz de Marve de volta, mas ele não queria venenos em sua existência e se escondia de mim.
  Um dia, acordei com uma ideia diferente. Era hora de tirar todo o veneno que ainda existia em mim. No escuro do passado, montei um quebra-cabeça para reconstruir uma utopia que vivi em Marve e a chamei de “Amor’. De repente notei que fui deixando meu veneno pelo caminho, de pouco em pouco, e acreditei – e ainda acredito – que Marve percebeu isso e estava disposto a abrir suas portas para mim. Eu poderia voltar, com certo medo, para um recomeço!
  Eu voltaria sem o veneno dos humanos, mas com os ensinamentos “Marveanos” que aprendi a usar e que tanto sonhei em ter novamente.
  Só pra constar... Em Marve nunca nos pedem para amarmos mais, mas agradecem a existência desse amor infinito e o usam com toda a gentileza que espero um dia ter. Quero retribuir tudo o que Marve me deu.


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