quinta-feira, outubro 24, 2013

Loucura Involuntária

Eu acreditava que sangue era doce, até experimentá-lo pela primeira vez. Foi nesse dia que eu percebi que a única coisa doce que o homem é capaz de carregar é a falsidade. Eu não queria matá-la. Não queria cometer a burrada de estragar a minha vida sem motivo algum. Certa vez eu a ouvi dizendo que gostava de mim. Certa vez ela me queria longe. Certa vez me masturbei pensando nela. A única coisa que "certa vez" não existiu, embora tenho acontecido, foi amá-la de verdade. Ah! Como as pessoas gostam disso? Amor. São quatro letras e mil máscaras. Deixei claro que o amor era fútil, mas que eu adoraria compartilhar a cama dela. Vagabunda nojenta. Como era linda. E só queria amor. Só queria me ter. E eu não. Eu não gosto dos outros, por que gostaria de mim? Eu disse para ela que a amava, ontem. Na semana passada. Mas ela chorou. Eu ri tanto. Não, talvez eu tenha chorado também. Afinal, quem foi o merda que disse que "homens não choram"? Aposto que o filho da puta já deve ter morrido e chorou, muitas vezes. Lágrimas de amor. E ela me perguntou se eu queria ajuda. Eu queria matá-la. Mas, só transamos e eu fui embora. Eu liguei no dia seguinte... Pedi uma pizza. Não procurei por ela durante um mês. E quando a encontrei, ela sorriu. Vaca maluca. Ela chorou tanto quando eu disse que não seria dela. A culpa era dela. Quem mandou querer o Miguel também? Foda-se ele. Tem nome de anjo. Foda-se aquele anjo. Eu sou um demônio. Ela me chamou assim quando entreguei para ela a faca que usei para furar o estômago dele. Quinze vezes. Eu juro, foi uma só. Mas foi quinze vezes. Ela ficou tão linda. Ela colocou a mão em meu rosto. Várias vezes, enquanto gritava. Eu sabia que ela ainda me amava. Eu também queria vê-la morta. A mesma faca penetrou-me. Vagabunda do inferno. Mas ela não quis tirá-la. Eu tirei. Sangrei e vi que de doce não tinha nada. Ela gritou. Mas eu gritei mais alto. Eu gosto de superá-la. Ela tentou me segurar. Voltou a alisar meu rosto várias vezes, fazendo-o sangrar. Mas só tirei as mãos do pescoço dela, quando ela se entregou a mim. Foi a transa mais quente e rápida que tive. Sete minutos? Acho que uma hora. Ela não gostou tanto. Nem se deu ao trabalho de se despedir enquanto eu ia embora. Eu ainda fui no enterro dela. E disseram-me que eu era louco, quando me prenderam. Não tenho nada de louco. Só não sou normal. Foda-se a sua humilde opinião, não entendeu a minha! Eu só queria ser feliz. Não aqui. Mas estou feliz, aqui. Eu descobri uma coisa que eu estava errado. Sangue, não é doce. Engraçado, eu acreditava que era. Vadia.

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