quinta-feira, fevereiro 12, 2015

Rosa Amada

Quando eu era pequeno imagina que o amor era uma mulher de vestido vermelho e cabeça de rosa. Você me entendeu! Em vez de um crânio, uma pétala de rosa se abria acima do pescoço. Uma cabeça de rosa, mesmo!

Eu acreditava que o amor, quando acordava, exalava sua pureza. Como as rosas fazem ao abrirem seus botões no nascer do dia, soltando seu perfume para o mundo acordar mais doce. Gentil.

Eu sonhava que o amor era uma doce rosa, que fechava seus botões ao escurecer para proteger todos os seus sonhos em um botão, uma cúpula. Assim, a mulher Rosa Amada se deitava e dormia, protegendo seus sonhos de baixo dos lençóis. Escondendo seus medos!

Mas, como toda criança, eu descobri a realidade era diferente do que me contaram um dia.

Sim, Rosa Amada realmente existia. Existia amor! A história era verdadeira, mas havia mais vírgulas e pontos do que me recordava. Provavelmente essa era a parte que ocultavam de mim, antes deu dormir. A mentirinha boa para me deixar feliz!

Rosa Amada, não era assim. Não era rosa, não era amada. Não era ela, feliz.

Exalava cinzas, graças aos cigarros que fumava para se sentir segura. Para esquecer. Para tirar dela o que doía.

Não mais fechava seus botões. Romperam seus lacres e nada mais lhe importava. Roubaram seus sonhos, não mais vivia.


Não mais exalava seu doce! Abelhas a roubaram e a deixaram só. Deixaram-na sem seu maior fruto. Sem amor!

Ah! Pobre Rosa Amada, sem rosa, sem amor! Seus dias seguiram e a rosa cinza se tornou.

Seu perfume acabou em um espiral de fumava que subiu e sumiu aos céus. Uma memória que se acabou.

Quem olhou, lembrou do perfume. Lembrou do tempo que tinha amor. Lembrou do tempo que a pobre amada era Rosa Amada, mulher do amor.

Pétalas caíram e o botão se fechou. Não era mais rosa! Era só mulher... Não era amor, era um corpo sem nenhum valor. Era um corpo sem vida. Aqui jaz o amor!

E assim vivemos e esquecemos o real valor do cheiro doce e da proteção de quem sempre amou.

Descanse em paz, Rosa Amada! Enterrada, viveu sempre à custa do amor, mas não mais o soltou aos céus e enfim, pobre flor, se acabou. 

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