domingo, maio 25, 2014

Pergaminho Grego: A Paixão e a Sombra

Existe um pergaminho secreto da antiga Grécia que fala sobre amor e solidão em um relacionamento. A história é assim:

   Afrodite, deusa do amor, em um momento de infelicidade, chorou doze lágrimas. Seis carregavam todo o amor que sentia com um pouco de libido, luxúria e calor. As outras seis, carregavam a dor do desprezo, solidão e silêncio. As seis primeiras deram origem a Litu, um homem de baixa estatura e forte, com lábios grossos e olhos sérios. Era conhecido como o deus da paixão. As outras seis lágrimas geraram Prati, um homem magro e alto, com olhos e cabelos negros como a noite. Prati ficou conhecido como o deus das sombras.

   Juntos, os dois irmãos seguiram seus caminhos com suas ideologias. Litu distribuía o amor de sua mãe e despejava conquistas de paixões pelo mundo. Prati acompanhava todo mundo, mas ninguém sabia de sua existência. Ele não se importava com isso.

   Um dia, Litu encantou um homem para que desejasse a mulher que dançava a sua frente. A sombra dessa mulher era Prati, que acabou percebendo que estava só pela primeira vez, quando a mulher se entregou a transa com o homem. Litu estava satisfeito. Prati, perdido. Ao voltarem para Monte Olimpo, Prati procurou pela mãe e contou que estava só. Ela, como um doce, entregou gracejos e amores aos pés de Prati, que simplesmente se fez sombra. Irritada com a ação do filho, Afrodite ordenou a Litu que fizesse Prati se apaixonar. Litu, obedecendo os desejos de sua mãe, fez com que muitas mulheres e homens desejassem Prati, mas o irmão não desejou ninguém.

   Litu nunca havia falhado. Sem saber o que fazer, entregou-se a Prati como um escravo da escuridão e implorou pela morte. Prati respondeu:

- Desde que das lágrimas surgimos, nunca consegui ser a sombra do único amor que tive. Não poderia esse amor me fazer amar outra pessoa.

   Litu entendeu e se apaixonou pelo irmão. Ambos criaram uma relação que misturava as libidos mais quentes, com os olhares mais frios. Litu alisava o corpo de Prati para esquentá-lo, assim como Prati falava seus desejos e sonhos para esfriar Litu.

   Certa noite, Litu desejou Prati, mas não o teve. Prati sumira. Litu se entregou a dor e não mais conseguiu fazer ninguém sentir paixão. Séculos depois, Litu ainda chorava o abandono, quando percebeu que Prati estava com ele o tempo todo, como sua sombra. Irritado, Litu tentou matá-lo.

- Eu sempre estive com você! Meu silêncio, minha ausência e meu desafeto eram coisas que só você conseguia ver, porque está cego! Estou contigo desde que te aceitei como meu. Por que não me aceitas como teu? Meu eu pertencia a você, mesmo quando não conseguia me ter. – Disse Prati
- Se fostes meu, estaria comigo e não somente em mim. Se fostes meu, teu silêncio não seria ausência ou desafeto, seriam carícias e desejos. Eu te aceitei como meu, não em mim, pois em mim sempre esteve. Eu queria que estive comigo para sentir meu calor e não me fazer sentir teu frio.

   Prati não conseguiu entender as palavras de Litu e o matou. Pela primeira vez no mundo, infelizmente, a paixão perdeu o calor e ficou fria. Prati chorou e abraçou o irmão que amava. Beijou-lhe a boca diversas vezes, até que teus lábios ficaram quentes e percebeu, que além dos lábios, seu coração sempre esteve quente.

- Sempre esteve em mim também.


   E por findar a tristeza, Prati se entregou a morte e Afrodite, vendo seus filhos morrerem por amor, sorriu, se levantou de seu trono e aplaudiu. Desse dia em diante os gregos aprenderam que:

 paixão não é amor, é um desejo que se esfria. 

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