Existe um pergaminho secreto da antiga Grécia que fala sobre
amor e solidão em um relacionamento. A história é assim:
Afrodite, deusa do amor, em um momento de infelicidade,
chorou doze lágrimas. Seis carregavam todo o amor que sentia com um pouco de
libido, luxúria e calor. As outras seis, carregavam a dor do desprezo, solidão
e silêncio. As seis primeiras deram origem a Litu, um homem de baixa estatura e
forte, com lábios grossos e olhos sérios. Era conhecido como o deus da paixão.
As outras seis lágrimas geraram Prati, um homem magro e alto, com olhos e
cabelos negros como a noite. Prati ficou conhecido como o deus das sombras.
Juntos, os dois irmãos seguiram seus caminhos com suas
ideologias. Litu distribuía o amor de sua mãe e despejava conquistas de paixões
pelo mundo. Prati acompanhava todo mundo, mas ninguém sabia de sua existência. Ele não se importava com isso.
Um dia, Litu encantou um homem para que desejasse a mulher
que dançava a sua frente. A sombra dessa mulher era Prati, que acabou percebendo
que estava só pela primeira vez, quando a mulher se entregou a transa com o
homem. Litu estava satisfeito. Prati, perdido. Ao voltarem para Monte Olimpo, Prati
procurou pela mãe e contou que estava só. Ela, como um doce, entregou gracejos
e amores aos pés de Prati, que simplesmente se fez sombra. Irritada com a ação
do filho, Afrodite ordenou a Litu que fizesse Prati se apaixonar. Litu,
obedecendo os desejos de sua mãe, fez com que muitas mulheres e homens
desejassem Prati, mas o irmão não desejou ninguém.
Litu nunca havia falhado. Sem saber o que fazer, entregou-se
a Prati como um escravo da escuridão e implorou pela morte. Prati respondeu:
- Desde que das lágrimas surgimos, nunca consegui ser a
sombra do único amor que tive. Não poderia esse amor me fazer amar outra
pessoa.
Litu entendeu e se apaixonou pelo irmão. Ambos criaram uma
relação que misturava as libidos mais quentes, com os olhares mais frios. Litu
alisava o corpo de Prati para esquentá-lo, assim como Prati falava seus desejos
e sonhos para esfriar Litu.
Certa noite, Litu desejou Prati, mas não o teve. Prati
sumira. Litu se entregou a dor e não mais conseguiu fazer ninguém sentir
paixão. Séculos depois, Litu ainda chorava o abandono, quando percebeu que
Prati estava com ele o tempo todo, como sua sombra. Irritado, Litu tentou
matá-lo.
- Eu sempre estive com você! Meu silêncio, minha ausência e
meu desafeto eram coisas que só você conseguia ver, porque está cego! Estou
contigo desde que te aceitei como meu. Por que não me aceitas como teu? Meu eu
pertencia a você, mesmo quando não conseguia me ter. – Disse Prati
- Se fostes meu, estaria comigo e não somente em mim. Se
fostes meu, teu silêncio não seria ausência ou desafeto, seriam carícias e
desejos. Eu te aceitei como meu, não em mim, pois em mim sempre esteve. Eu
queria que estive comigo para sentir meu calor e não me fazer sentir teu frio.
Prati não conseguiu entender as palavras de Litu e o matou. Pela
primeira vez no mundo, infelizmente, a paixão perdeu o calor e ficou fria. Prati
chorou e abraçou o irmão que amava. Beijou-lhe a boca diversas vezes, até que teus
lábios ficaram quentes e percebeu, que além dos lábios, seu coração sempre esteve
quente.
- Sempre esteve em mim também.
E por findar a tristeza, Prati se entregou a morte e Afrodite, vendo seus
filhos morrerem por amor, sorriu, se levantou de seu trono e aplaudiu. Desse dia em diante os gregos aprenderam que:
paixão
não é amor, é um desejo que se esfria.