O Último Voo da Fênix
Haverá um dia em que o sol se esconderá e a terra será entregue à escuridão. Nos dias que se seguirão, crimes serão cometidos, mas não mais do que os de costume. Homem por homem aprenderá que o preço da luz é o sangue, seu próprio sangue, perdendo-o.
Eis que as nuvens serão rasgadas ao meio por um pássaro em chamas. Ele será chamado de “Sonho” e cairá por dias e noites pelo infinito céu até completar uma volta pela Terra. Não haverá um homem capaz de enxergá-lo, mas todos irão ver sua luz.
Ao completar o círculo, Sonho cairá sobre a Terra. Ao tocar o solo, um buraco nascerá no peito de quem um dia sonhou. Do menor e mais infantil sonho, ao mais próximo de se tornar real. Desse dia aos seguintes, ninguém mais conseguirá sonhar.
Sonho deixará cinco lágrimas caírem. Uma por amor, uma por prazer, uma por saber, uma por agir e uma por crer. Cada lágrima formará um rio e as terras próximas renderão frutos, mas as longínquas morrerão e nada mais germinará.
Sonho se entregará ao fim. Seu último suspiro será seguido por um longo e fino choro. Tudo que viver, ouvirá o choro. Tudo que ouvir, morrerá. Durante um século Sonho morto arderá em chamas, queimando uma pena por vez, até sua carne se tornar cinzas que se espalharão ao vento.
Depois de se espalhar pela Terra, as cinzas de Sonho se juntarão como um quebra-cabeça e um novo pássaro nascerá. Ele será chamado de Esperança.
Ela voará pelo mundo até que se complete um novo círculo. Quando a volta se completar, Esperança trará duas nuvens do céu à Terra, chamado-as de Homem e Mulher. Estes gerarão três frutos: Pensamento, União e Fé.
Deste dia em diante, o sol voltará a iluminar a Terra, até que Esperança, assim como Sonho, voe pela última vez e nada, nunca mais, terá segunda chance.
Hansumeon
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