quinta-feira, outubro 24, 2013

Cartas de Oromis Melkor

26 di Kófer di 15 Duo-Marte,
O gato se vai... Nesse começo de noite não há nenhuma estrela iluminando o céu de Oppos. Como sinto saudades de casa. Como queria estar ao lado de minha família na Ilha de Bensi, em segurança. Já lhe disse que não confio muito nas pessoas deste lugar. São brutais! São agressivos! Nunca vi homens se matarem com tanta facilidade, por tão pouco. Um punhado de moedas de ouro é tudo o que precisariam pra arrancar uma cabeça. Povo cruel! Como quero descansar em minha Ilha! Mas sonhar com minha casa não é o bastante... A guerra acabou na manhã de ontem. Ganhamos. Eu ainda sinto a dor de cada homem que matei com meu ácido veneno e os cortes profundos de minhas garrafas. Noto que a vitória não me fez bem. Mas estou vivo! Seja lá o que isso significa, nesse momento. Eu decidi partir. Oppos e seus moradores são maldade demais para mim. Onnehera? Só se eu quiser que me matem. Ouvi dizer que uma discípula de Catherine assumirá o Condado. Que Óbor me proteja! Estou decidido. Ainda nesta noite, deixarei o Castelo Real de Oppos. Paguei quinhentas heptas a um guarda e a dois arqueiros da torre para abrirem os portões nessa madrugada. Irei a pé. Pegarei a estrada do norte em direção a Virplent, em Sëplenvon. Começarei a viajar pelo mundo. Que Óbor ilumine meus caminhos e que a Deusa da Terra venha comigo. Não estou sozinho. De alguma forma, sei que não estou sozinho. Começarei a andar em breve. A Trombeta do Socorro, a Adaga Curta da Tribo Perdida, minha capa e todo o meu dinheiro são as únicas coisas que levarei comigo. O resto, será história. O que vier, fará história. Que meus amigos entendam. Que meus inimigos aceitem. Que Ela... Oh... Que Ela se lembre de mim quando amanhecer. Está na hora de ir.

Despido do medo, desejando-te uma noite maravilhosa,
— Oromis Melkor, O Forasteiro.
Diplomata da Ilha de Bensi, Meltto da Ilha de Bensi, Meltto de Sëplenvon, Filho da Luz e Membro das Lágrimas de Óbor.



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13 di Lusbo di 15 Duo-Marte,
Eu nunca achei que fosse ser fácil, mas esperava um fim, após uma dificuldade. Não outra. Caminhei pela trilha central que liga Oppos a Sëplenvon por longos dias, até que me deparei com um acampamento de uma barraca só. Havia várias fogueiras, muita bagagem e muitos cavalos amarrados e espalhados pelo lugar, mas apenas uma barraca. Eu, dotado de minha inocência, aproximei-me para pedir água. Anunciei-me ao chegar perto e nada aconteceu. Voltei a me anunciar e o silêncio continuou. Eu decidi entrar, mas não consegui. Ao tocar na lona da barraca, uma flecha curta e de ponta grossa atravessara meu ombro esquerdo. Havia uma mulher encapuzada atrás de mim, com uma besta em mãos. Não mais de cinco metros nos separava. O sangue escorria pela minha capa e meus olhos encararam a mulher. Uma mulher idêntica surgira do meu lado direito, seguida por outra que ficara do meu lado esquerdo, também portando bestas, prontas para uso. Uma quarta mulher, idêntica as demais, surgira atrás de mim. A última, a única que estava com o capuz abaixado, colocara uma adaga em minha garganta e me chamara de ladrão, mandando-me ir embora, ou me mataria. Ah! Santo Óbor! Demorei a conseguir convencer a mulher de que eu era um viajante, não um ladrão. Apresentei-me, e como tal, ela retribuiu. Seu nome era Eldenin Posjü, Maga do Espírito, viajante também. Ah, que ela era uma maga do espírito eu descobri após as demais mulheres sumirem. Clones! Somente a da adaga existia. Senti-me envergonhado em dizer que abriguei-me com ela naquela noite, visto que ela curara o ferimento em meu ombro, causado por ela mesma. Partimos ao amanhecer. Ela iria para Perse, em Jansen, ao norte de Sëplenvon. Arrumei uma companheira de viagem. Andamos mais alguns dias, agora a cavalo e escoltado por um grupo de mulheres clones fortemente armadas, até que a areia começou a penetrar na grama e a grama sumiu. Não havia mais floresta, somente um deserto. Um deserto que era quente, dia e noite. Passamos fome. Passamos sede. Passamos por magos perdidos, viajantes, ladrões e até uma criatura que batizei de Halup, um escorpião do tamanho de um elefante, só que sua cabeça era de galinha e, junto ao ferrão, havia um rabo de pavão que se abria sempre que ele vinha nos atacar. Era estranho, mas conseguimos vencê-lo. Guardei algumas penas de sua calda e veneno de seu ferrão comigo, enquanto Eldenin ficou com os olhos da criatura. Sei que viajamos por mais alguns dias, até chegarmos em Virplent, a cidade do vidro. Mas agora é noite. Catherine toma conta dos céus. Eldenin e armamos a barraca próxima da cidade, mas fora da mesma. Iremos visitá-la ao amanhecer, agora, precisamos dormir. Ainda sinto sede. Ainda sinto fome. A carne que conseguimos comprar dos viajantes há alguns dias acabara, assim como a água. Mas há uma cidade a frente. Tudo melhorará... Só agora vejo que esta barraca é grande o suficiente para mais uma pessoa. Você. Bem que poderia estar aqui com a gente. Bem que poderia estar comigo.

Com fome, com sede, com saudade, mas com amor,
— Oromis Melkor, O Forasteiro.
Diplomata da Ilha de Bensi, Meltto da Ilha de Bensi, Meltto de Sëplenvon, Filho da Luz e Membro das Lágrimas de Óbor.

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