“Do pó viemos e ao pó voltaremos”, diziam os sábios. Belas
palavras para tolos que não sabiam de nada.
Passei minha vida toda acreditando que minha alma era uma fênix.
E em cada fracasso, a cada derrota, cada perda dolorosa ou a cada desistência a
minha alma chorava incessantemente. Era como um piar agudo e triste de um pássaro
abatido no deserto, que ao cair nas areias quentes de um triste fim, perdia
suas penas de esperança.
Não adiantava tentar, nada o faria voar novamente. O pássaro,
já sem suas penas, queimava suas patas a cada pulo que dava rumo ao céu, sua
casa! Mas, como infeliz ele era, sua queda era insistente e logo voltava a
ralar seu bico na maldita areia.
Quando uma fênix sente que é chegada a hora, ela sobe até um
morro e então olha para o sol. Suas penas se tornam fogo e seu choro um grito
de esperança. As chamas consomem todo o seu passado, resumindo-o a pequenos grãos
de cinzas. Destes grãos deveriam nascer esperança nova que construiriam penas
ainda mais fortes e firmes pra que a nova fênix pudesse voar ainda mais alto.
Quanto mais alto se voa, maior a queda. Eis que a fênix
cansou de cair. Ela cansou de andar pelo deserto. Ela cansou de sempre, sempre
e sempre ter uma nova esperança. Ela cansou de aceitar o esquecimento de seu
passado, queimando-o sempre.
Quando chegou a hora, a fênix não subiu o morro, mas desceu
o mais baixo que podia. No começo de uma duna, ela abaixou a cabeça e começou a
chorar. Suas lágrimas a queimaram como fogo, mas as chamas não surgiram. Seu
passado fora lavado de sua alma, mas a esperança não renascera nunca mais.
Se ao pó ela deveria voltar, o suicídio a impediu de deixar
a esperança ser a última a morrer naquele deserto que eu chamei de “você”.
Que triste, queria que ela ressurgisse ainda mais poderosa e viçosa com suas lindas penas brilhantes e seu cantar emocionante... esse seria o fim perfeito! hahahahaa
ResponderExcluirMas adorei o tema,
Beijos