terça-feira, dezembro 16, 2014

A filosofia da Fênix

“Do pó viemos e ao pó voltaremos”, diziam os sábios. Belas palavras para tolos que não sabiam de nada.

Passei minha vida toda acreditando que minha alma era uma fênix. E em cada fracasso, a cada derrota, cada perda dolorosa ou a cada desistência a minha alma chorava incessantemente. Era como um piar agudo e triste de um pássaro abatido no deserto, que ao cair nas areias quentes de um triste fim, perdia suas penas de esperança.

Não adiantava tentar, nada o faria voar novamente. O pássaro, já sem suas penas, queimava suas patas a cada pulo que dava rumo ao céu, sua casa! Mas, como infeliz ele era, sua queda era insistente e logo voltava a ralar seu bico na maldita areia.

Quando uma fênix sente que é chegada a hora, ela sobe até um morro e então olha para o sol. Suas penas se tornam fogo e seu choro um grito de esperança. As chamas consomem todo o seu passado, resumindo-o a pequenos grãos de cinzas. Destes grãos deveriam nascer esperança nova que construiriam penas ainda mais fortes e firmes pra que a nova fênix pudesse voar ainda mais alto.

Quanto mais alto se voa, maior a queda. Eis que a fênix cansou de cair. Ela cansou de andar pelo deserto. Ela cansou de sempre, sempre e sempre ter uma nova esperança. Ela cansou de aceitar o esquecimento de seu passado, queimando-o sempre.

Quando chegou a hora, a fênix não subiu o morro, mas desceu o mais baixo que podia. No começo de uma duna, ela abaixou a cabeça e começou a chorar. Suas lágrimas a queimaram como fogo, mas as chamas não surgiram. Seu passado fora lavado de sua alma, mas a esperança não renascera nunca mais.

Se ao pó ela deveria voltar, o suicídio a impediu de deixar a esperança ser a última a morrer naquele deserto que eu chamei de “você”.

Um comentário:

  1. Que triste, queria que ela ressurgisse ainda mais poderosa e viçosa com suas lindas penas brilhantes e seu cantar emocionante... esse seria o fim perfeito! hahahahaa
    Mas adorei o tema,
    Beijos

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